Conca após gol contra o Boca Juniors na Libertadores |
Em 2009, quando o time estava prestes a pegar a rota definitiva para o descenso no Campeonato Brasileiro, manteve sua fidelidade em permanecer e ajudar o Fluminense a se manter na Série A. Bem naquela última – e tensa, diga-se de passagem – partida contra o Coritiba no Couto Pereira, este depredado por alguns insanos “torcedores” locais que viram o time paranaense ser rebaixado em pleno ano de centenário.
Em 2010, atingiu o apogeu da sua carreira no clube vencendo o Brasileirão. Além de se tornar o melhor jogador do ano, esteve presente nas 39 partidas da competição sem se lesionar ou receber suspensão por cartão amarelo ou vermelho.
Depois de algumas semanas após a saída do técnico Muricy Ramalho, neste ano, repetiu mais uma vez seu sentimento pelo clube das cores verde, branca e grená:
“Nunca amei nenhum clube como amo o Flu”
Acontece que essa declaração não impediu o argentino de assinar um milionário contrato com o clube mais tradicional da China: o Guangzhou Evergrande, atual campeão da segunda divisão do campeonato nacional deles.
Não foi um empecilho porque a proposta de salário o tornará “somente” o 3º jogador mais bem pago do futebol mundial – só perde, mesmo, para Messi e Cristiano Ronaldo, ambos jogando na Espanha.
Conca está sendo mercenário? Essa pergunta é difícil responder. Só ele sabe o que está sentindo em relação a trocar de time.
Mas uma coisa é certa: a dedicação e paixão que demonstrou ao jogar nesses três anos pelo tricolor carioca não foi encenação de filme B. Ele nunca foi uma pessoa que precisou provar.
Provar que era o melhor meio campo do Fluminense. Que fazia ótima parceria com o ex-colega Thiago Neves (agora no Flamengo) na armação de jogadas. Que, diferente desse mesmo atleta, que vacilou ao assinar um pré-contrato com o Palmeiras em 2007 sem obedecer as regras referentes à Lei Pelé e ainda foi parar no time rival neste ano, foi correto como pessoa.
Mas principalmente porque não precisou provar o merecimento da camisa 10, muito menos em ser ídolo. Porque conquistou gradativamente. Com os pés. O que é difícil, pois hoje em dia no Brasil o jogador faz primeiro o nome e, depois, tenta justificá-lo.
E para justificar é que complica...
Sobre o quanto Conca vai receber por mês, ele tem o direito de ganhar mais, sim. Todos sabem, mas às vezes esquecem: carreira de jogador é curta. Garantir milhões por pelo menos dois anos tira uma preocupação iminente de qualquer profissional que corre o risco de se lesionar e nunca mais pisar em campo.
“Ah, mas ele ganha bem no Fluminense”, alguns podem argumentar. Todo jogador ganha muito bem. Provavelmente muito melhor que eu e você, leitor, juntos.
O que os torcedores deveriam questionar sobre seus jogadores não é se saíram por dinheiro ou por outro motivo. O importante é a transparência e o histórico que apresentam. Se depender desses dois quesitos, portanto, o torcedor tricolor pode ficar tranquilo.
Afinal, não é qualquer jogador – ainda mais estrangeiro – que atuou com tanta garra e amor como fez Darío Conca.
Zàijiàn (tradução: adeus), Conca!
Ou melhor, até logo – em português bem claro, pois adeus é uma interjeição irreversível.
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Despedida do Conca (via @OficialFlu)
Observações:
*A grande questão com a saída do Conca será como a Unimed, patrocinadora do Flu, aplicará o dinheiro da rescisão. Em reforços? No pagamento da milionária dívida, uma das mais altas do Brasil? Ou na construção de um CT que ninguém sabe se é possível ter, pois no Rio de Janeiro há poucos espaços - e quando tem, são caríssimos? Por que não treinar em Xerém?
*Saindo Conca, o meia Souza ganha a responsabilidade do argentino. Na minha visão (e acredito que de quase toda a torcida) ele não substitui à altura, mas ao mesmo tempo penso que é a única solução imediata.
3 comentários:
Obrigado, Conca por acabar com o centenário do Corinthians, hahahaha.
Pedro Mendonça
e outra ele tá certo mesmo, vai ganhar um salário astronômico
Acho que o Conca não aguentará muito tempo e, provavelmente voltará para algum clube de SP
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